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Quando o semestre aperta: por que a ansiedade antes das provas virou rotina nas universidades

  • acessoblogentrelin
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

 Às vésperas dos exames finais, estudantes relatam taquicardia, insônia e pressão emocional. Coordenadores, professores e psicólogos explicam por que o período de provas pesa tanto e o que dá pra fazer pra não surtar.


Por Laura Gomes


O período de provas é um dos momentos mais estressantes da vida universitária.
O período de provas é um dos momentos mais estressantes da vida universitária.

Biblioteca lotada, cafeína dominando o sangue e um grupo de estudantes jurando que “dessa vez vai”. O clima de fim de período nas universidades é quase um personagem próprio: intenso, caótico e cheio de ansiedade. E não é exagero, segundo especialistas, o estresse pré prova já é considerado um dos maiores gatilhos de sofrimento mental entre universitários.


“É como se tudo dependesse dessas duas semanas”

A frase é da Carolina Santos, 21 anos, aluna de Psicologia da UVA (Universidade Veiga de Almeida). Ela conta que, na reta final, a rotina vira um mix de culpa e desespero. “Eu começo a estudar e penso: ‘devia ter começado antes’. Aí fico nervosa, não consigo focar, e bate mais culpa ainda. É um ciclo horroroso”, diz Carolina.

Essa sensação não é incomum. Segundo a professora e coordenadora acadêmica da UVA, Renata Azevedo, o período de provas mexe com expectativas e medos profundos. “Os estudantes sentem que estão sendo avaliados não só pelo conhecimento, mas pela própria capacidade de dar conta da vida. Isso aumenta a pressão de um jeito absurdo”, explica Azevedo.


Professores também sentem o impacto

Se engana quem acha que só aluno sofre nessa. O professor de Estatística da UVA, Eduardo Pires, diz que o período é puxado para todo mundo: “Eu vejo a tensão deles e tento aliviar, mas também tenho pilhas de correções, prazos e reuniões. É um combo. Às vezes, quando vou devolver a prova, sinto o clima do corredor mudar, parece final de campeonato.”

Eduardo afirma que tenta flexibilizar a carga emocional, oferecendo revisões e bate-papos para tirar dúvidas sem pressão. “Quando o aluno se sente acolhido, o medo diminui. Mas ainda falta estrutura pra isso de forma geral.”


Quando o corpo fala

A psicóloga clínica Luísa Perdigão, que atende estudantes da região, diz que o corpo costuma ser o primeiro a denunciar que algo não vai bem. “Ansiedade na época de provas normalmente aparece como taquicardia, sudorese, falta de ar, insônia e até esquecimento. O cérebro entra no modo ‘ameaça’ e tudo parece mais difícil”, explica.

Ela afirma que muitos jovens só procuram ajuda quando já estão esgotados. “Deveria ser o contrário. A ideia é aprender a lidar com o estresse antes que ele vire um monstro.”


O peso da comparação

O estudante de Engenharia, Lucas Freire, 22 anos, diz que a ansiedade muitas vezes não é só pela prova em si, mas pelo clima competitivo. “Tem gente que posta foto estudando 10 horas por dia, gente que tira 10 em tudo… Você olha e pensa: ‘meu Deus, sou um fracasso’. A comparação mata.”

De acordo com a coordenadora Renata Azevedo, isso se tornou mais forte após a pandemia. “A ideia de produtividade extrema contaminou o ambiente universitário. Muitos alunos acreditam que precisam performar o tempo todo.”


O que realmente ajuda

Professores e especialistas apontam alguns caminhos possíveis para não entrar em colapso no período de provas:

  • Planejamento simples, não mirabolante: “É melhor estudar uma hora bem do que cinco horas surtando”, diz Eduardo.

  • Pausas programadas: Luísa reforça que descanso não é preguiça, é estratégia.

  • Grupos de estudo leves: Carolina diz que isso salvou ela no último período: “A gente ria, chorava e estudava junto. Foi terapêutico.”

  • Comunicação com professores: Renata afirma que a coordenação está aberta a ouvir demandas dos alunos, mas muitos têm medo de procurar.


No fim, ninguém está sozinho

A ansiedade antes das provas é real, pesada e, sim, muito comum. Mas, como lembra a psicóloga Luísa, ela não precisa ser uma sentença: “Ficar nervoso é humano. O importante é não enfrentar isso isolado. Universidade não é só cobrança, é convivência, apoio e construção coletiva.”

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